quarta-feira, 30 de março de 2016

Primeiro-ministro, Shinzo Abe, prepara novas medidas de estímulo para uma economia que não consegue fugir da deflação

economia japonesa

Com a economia outra vez a dar sinais de estagnação e deflação e as medidas do banco central a não produzirem todos os efeitos desejados, o primeiro-ministro do Japão prepara-se para anunciar novas medidas de estímulo orçamental, podendo voltar a adiar o há muito planejado agravamento do imposto sobre o consumo.

Entre as medidas que podem vir a ser anunciadas por Abe, aposta-se no reforço do investimento público em infraestruturas e na entrega a determinados setores da população de vouchers para consumo.

Quando assumiu o poder em 2012, o primeiro-ministro lançou uma política econômica (Abenomics) baseada em três vetores fundamentais: expansionismo monetário agressivo por parte do banco central, novas políticas de estímulo orçamental por parte do Estado contrabalançadas pelo aumento gradual dos impostos sobre o consumo para manter a dívida pública controlada e implementação de um programa de reformas estruturais.

Passados quatro anos, contudo, a economia japonesa continua a não conseguir arrancar de forma decidida e permanece presa à deflação.

Há cerca de um mês, o banco central anunciou a descida das taxas de juro para valores negativos. A medida surpreendeu os mercados, mas a reação ficou longe do esperado, com os agentes econômicos a mostrarem uma cada vez maior descrença na capacidade da política monetária resolver o problema econômico do país.

Agora, deverá ser a vez da política orçamental tentar a sua sorte. Para além das novas medidas de estímulo, Shinzo Abe poderá optar ainda por adiar por uma segunda vez o aumento do imposto sobre o consumo que estava agora previsto para meados do mês de Abril.

A Reuters diz que o cenário mais provável é o anúncio por parte de Shinzo Abe de um adiamento da subida do imposto e, em simultâneo, a marcação de eleições antecipadas, uma vez que esta medida era uma das peças centrais do programa do Governo. Em 2014, foi esta a opção assumida por Shinzo Abe, que voltou a sair vencedor das eleições.

O fato de, esta semana, Shinzo Abe ter recebido em Tóquio o economista norte-americano Paul Krugman, um opositor da subida do imposto sobre o consumo e defensor de uma política orçamental expansionista no Japão, reforça ainda mais a ideia de que o primeiro-ministro está a recolher argumentos para voltar a agir, numa nova tentativa de tirar o país da armadilha da deflação em que caiu no início dos anos 90 do século passado.

Tal como no Japão, também da zona euro, têm vindo a aumentar as dúvidas em relação à capacidade do banco central em combater sozinho, apenas com as suas medidas de expansionismo monetário, os riscos de estagnação e deflação. É por isso que, mesmo da parte do BCE, se têm ouvido vozes a apelar à introdução de uma política orçamental mais ambiciosa, com níveis mais elevados de investimento público e atualizações salariais mais agressivas, nomeadamente nos países com maior espaço de manobra nos seus indicadores orçamentais.
Fonte: IPC Digital
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