segunda-feira, 12 de março de 2012

Japão faz um minuto de silêncio e lembra vítimas do terremoto e tsunami

Exatamente às 14h46 deste domingo (2h46 no horário de Brasília), o Japão parou. Em quase todo o país, sirenes foram acionadas e a população fez um minuto de silêncio em lembrança às vítimas do terremoto seguido de tsunami que atingiu a região nordeste do arquipélago exatamente um ano atrás.

Trens, metrô e outros transportes também pararam. O preto foi a cor predominante durante todo o dia no país. O imperador Akihito e o primeiro-ministro do país, Yoshihiko Noda, estiveram à frente de uma cerimônia em Tóquio.

Mesmo se recuperando de uma cirurgia no coração, o imperador fez questão de ler uma mensagem. Ele disse que o Japão "nunca deve esquecer o que aconteceu, se o país quiser progredir para um futuro melhor e mais seguro".

Os brasileiros também participaram das cerimônias. Fizeram um culto em frente à Embaixada do Brasil em Tóquio e, de lá, seguiram para Sendai, capital da província de Miyagi, onde acenderam lanternas de bambu com mensagens de apoio aos japoneses.

Eles plantaram ainda três mudas de ipê roxo, um de pinheiro do Paraná e outras plantas tropicais na cidade de Natori, também em Miyagi, como forma de levar força às vítimas e expressar os sentimentos de tristeza por aqueles que morreram.

Em Rikuzen Takata, na província de Miyagi, um pinheiro se tornou o símbolo da reconstrução do país. A árvore, localizada de frente ao mar, foi a única que sobreviveu às ondas gigantes.

Ela foi cuidadosamente isolada e moradores, voluntários e até autoridades fazem de tudo para que não morra, por causa da salinidade excessiva do solo. Sementes e mudas do pinheiro foram recolhidos para garantir que o laço sentimental dos japoneses com a árvore não se desfaça.

Entre os desafios do país estão dar fim a uma gigantesca montanha de entulhos. São 23 milhões de toneladas, que segundo cálculos do governo, devem ser processados até 2014.

Reconstruir as cidades e recuperar a economia local são outras tarefas das autoridades. Agricultores e pescadores, principalmente, não sabem quando poderão voltar a exercer suas atividades.

"Não temos barcos, nem redes ou combustível para sair em alto mar para pescar", disse à BBC Brasil Takayuki Ueno, 44. Ele, a esposa um sócio conseguiram um espaço construído por uma organização sem fins lucrativos para vender o que sobrou dos peixes pescados no ano passado e que foram congelados.

"A gente calcula que essa situação só vai se normalizar dentro de dez anos", comentou o peixeiro, que espera contar com a ajuda financeira do governo para poder sobreviver.

A imprensa local fez uma cobertura intensa, nunca vista no país. Mobilizaram equipes em praticamente todas as cidades atingidas pelo tsunami. Em alguns locais, a presença de repórteres era até maior do que de familiares e moradores locais.


Tripla tragédia

No dia 11 de março de 2011, um terremoto de 9.0 de magnitude atingiu a região nordeste do Japão. Cerca de 20 minutos depois, ondas gigantes, que chegaram a 40 metros de altura, destruíram as vilas e cidades litorâneas.

A pior tragédia natural já enfrentada pelos japoneses resultou na morte de 15.853 pessoas – maior perda de vidas desde a Segunda Guerra Mundial. Outras 3.283 pessoas foram dadas como desaparecidas e, passado um ano, as buscas ainda continuam, principalmente no mar e em áreas alagadas.

O desastre foi agravado depois que as ondas gigantes atingiram a usina nuclear de Fukushima, causando um acidente nuclear. Mais de 80 mil famílias foram obrigadas a deixar suas casas num raio de 30 quilômetros de distância da planta.

A crise nuclear fez com o que Japão começasse a pesquisar outras fontes de energia e adotasse medidas mais rígidas de segurança para os 54 reatores nucleares instalados no país.
Fonte: BBC Brasil

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